segunda-feira, 13 de abril de 2009

Calem-se, desmedidos e ouçam !

Mesmo àqueles desesperados
entrego minha voz
na medida de um destaque,
um emplema, um neon

Eu entrego minha voz aos desesperados
para que eles se assemelhem a Deus
tendo em mãos minha confissão
e minha voz como em oração

Que os pobres vivantes tenham minha
[doce voz
para que ecoem as palavras
purificando suas células
tão sujas de tanta pele e tanto odor

E para os coitados desmedidos
que têm minha voz como troféu
que se faça presente a jornada frágil
[que todos cansavam de passar
em cada nuance de minha voz em acorde

Acorde !
Eu só quero que meu canto te encante
Que te cante
e me espante !

OH !



Sue Costa

segunda-feira, 6 de abril de 2009





Te quero as horas
ao lado a noite
de silêncios e mãos
dadas ao acaso
o espaço
entre nossos corações fracos
entre desejos fortes
de estar perto e sempre
distantes os problemas
e confusões difusas
serenas, sem sentido
as nossas mãos dadas
por acaso
o tempo resolve parar
no escuro de nossos
pensamentos
amargos.

Jamille Costa Veiga

segunda-feira, 16 de março de 2009

A dança das carteiras

Refulgem as luzes,
Ressoam as palavras,
Dançam as carteiras, num vai e vem
Tão, estaticamente, dinâmico
Dinamicamente, tão estático
Compondo a grande festa de Letras

Tão pobres carteiras!
Seres inteligentes de quatro pernas
Tão, enigmaticamente, atentas,
Com os bípedes partilhais a festa
Mas, oh! Quanta injustiça!
Eles serão mestres e doutores
E vós, sábias carteiras? Que sereis?

E prossegue a festa
Prossegue também o aprendizado
E junto aos bípedes
As carteiras continuam em seu bailado
Ah meu Deus! Essa obscuridade me ofusca!




Thiago Santos

sábado, 14 de março de 2009

Sentimento dos Vestidos

Grita vida, grita.
Tenta chamar atenção
Seja vaidosa vida
Seja prostituta !

Revele-se vida, seja
Proteja-se vida
AME
Ajuste-se

Grita vida, grita.
Chama meu nome
Chore, vida, pura
Clame alto
queira forte !




Sue Costa

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Desabafo

Eles falam com sorriso e deixam as veredas como um painel externo esquentando até que se derreta. Eles não têm dó nem piedade e as vezes o que realmente querem é duvidar para afrontar. Não importa o que venhamos a dizer, eles sempre estão certos e se baseiam em situações antes pensadas, nunca vividas, porém. Por mais titubeantes que sejam, acabam se descontrolando por não saberem a diferença entre criticar e ofender.
Num belo dia, como pedra, caem sem poder voltar e contam com a certeza de nossas mãos para erguê-los. Bobos da corte foram e hoje aspiram o reinado, como se pudessem ou merecessem...
Isso, por mais fácil ou estúpido que venha a parecer, é só um desabafo. Para que o cheiro dessas verdades perfeitas seja inspirado com paciência e expirado com verdade ! Esquizofrenar situações já são atitudes tão corriqueiras que de nada mais adiantam e de nada mais importam.

Não há nada mais atraente do que as coisas acontecidas.


Sue Costa

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Riso fácil

Não cala a voz da minha sanidade.


Devolve os sentidos meus,
que roubo os encantos teus.

E loucos estaremos juntos,
satirizando e contrariando
as verdades desse mundo paralelo.
E distantes seremos vazios,
verbalizando e caricaturizando
as mentiras e angústias desse mundo amarelo.

E juntos estaremos loucos.
Vazios estaremos distantes.

Eu não quero me perder,
nem esconder o delírio meu
na alucinação tua.

Você não quer se esconder,
nem perder o riso nosso
de duas bocas prostitutas.

Jamille Costa Veiga

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O meu próprio

O meu próprio é meu
[e próprio.
Muito mesmo, ou um pouco mais.
Mas é meu, sem deixar de ser
[próprio.
É "o" porque é único, inigualável.
Aliás, ou melhor, por isso mesmo
é próprio e, acima de tudo, é meu.
Mas é próprio e, não deixa de ser meu,
além de único e inigualável.
O.
Meu.
Próprio.
É próprio, único, meu e inigualável.


Jamille Costa Veiga

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Promessa

Hoje eu quero mudar
Fundar outra moça
Extrair de mim regalias
E das cinzas as forças

Hoje quero com inimigos
Contar se restaram
Fingir que existiram
Sombrear dos instintos as dores que voltaram

Hoje vou ouvir Deus
Ouvir as crianças
Fumar suas lembranças
Mostrá-las os anjos
E me cobrir dos meus

Hoje quero lupas
E olhar insana
O que hoje grande se enfatiza
E sem motivo me chama

Hoje dou-me inteira
Pois que venha quem queira
Na promessa de um beijo em flor
Só hoje
Sem dor
Só flor.


Sue Costa

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Prima Noite

Então entrei no quarto como se quisesse colo
e ele me sorria com um sorriso de algum anjo
então deitei na cama como se fosse meu noivo
beijou a minha mão como se fosse a dele
então a primeira concessão foi aceita
ele não parava de sorrir ao deslizar em meu corpo
aquelas mãos fortes de homem que já espreita
as gritantes sensações desencadeadas sem consolo
ah que perfume doce, a que pequena fina
porque se faz maldita se eu só te quero posse
essas canelas magras, fracas, e nos olhos
lágrimas.
Agora que o perfume dele passou eu só sinto álcool
e como será o próximo? Porque não sai de cima de mim?
Porque minhas pernas não movem? Acaba, fim, acaba, fim
ela não sabe o que é ser violado, ele é o diabo, ele é o diabo
então gritei no quarto como se quisesse fugir
e eu quis matá-lo mas não podia
e enquanto a me cobrir sorria

eu não gozo liberdade porque meu gozo é vermelho
meu grito é atado mesmo estando acabado
eu enxergo os brinquedos cênicos
agora entendo os papeis higiênicos
Então o esperei desejando que fosse logo
quando acabou de se limpar
me buscou sem as asas
abriu a porta abotoando as calças
deu-me um beijo na cabeça
me pediu confiança
pedindo que eu não estremeça
como se guardo na lembrança
só o teto daquele quarto
o preto no fechado
e uma cicatriz
cá no braço?
Então agora vago, o vaso de casa eu não pinto
os bordados pra mamãe já não faço
não some essa marca do braço
não sei mais aonde fico
se fico eu apenas surto
lembrando toda hora dos gritos berrados
gritos, pra mim, pra ele sussurros
ele? Do outro lado, colecionando seus mudos
mudos...
mudo...
mud...
mu...
m...
...
..
.




João Alves

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Vislumbro

Os sinos. Rudes sinos
Com material pesado e violento
Mas ecoam com suavidade de uma pena
Ouço-os.
Se penso, um arrepio
Se sinto, um sinal

Mas são apenas sinos
Que acenam com badalos
Se sento, param
Se paro, eles me olham
Condenando-me. "Siga para que toquemos !"
Obedeço-os senguindo.
Só passei aqui para deixar minha carga
E torná-los mais leves.



Sue Costa




terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Descontrole

Pedi uma pizza, tá demorando.
Silêncio.
Que droga é essa?
Abro a janela, olho para baixo, a rua
me ignora, eu volto. Fecho a janela.
Confiro se está tudo trancado.
Trancado.
Sinto que não devo falar, mas grito.
Tá demorando demais!
A porra da pizza que pedi.
Ordenei.
Os passos. Os meus. Os meus passos.
Espaço.
Eu quero logo, eu quero agora.
E não posso parar, não posso quebrar.
Se é agora que chega,
Se é agora que demora,
Vou embora.
E a droga da pizza não chega.
Acho que não sinto mais fome.
Fome que sinto, não acho.
Paro.
Espero.
Eu quero agora e nunca mais.
E perco a hora.
Eu vou embora.
A porta se fecha.
Todas as noites o mesmo,
o nada.


A noite parada e cúmplice,
os passos, os vazios, o medo.
Eu não liguei pra pizzaria.

Amélia P. Coelho

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Apresentando...

A morte é o fim. Como mesmo no mais rico espetáculo as cortinas se fecham para encerrá-lo sem comunicar o público, a morte se esconde atrás de nós, atrás de cada um, para que no momento certo ela feche as cortinas- ela nos fecha. Cercados, não vemos qualquer outra saída senão a de se jogar sobre seus panos espessos. Estamos aqui contra a morte e intactos somente para apresentar um único motivo para tal postura: o direito a sequenciar.



Sue Costa